O Jc24horas entrevistou nesta terça-feira (21), o escritor e poeta Abdias Castro, autor de nada menos que 19 livros. E o ‘caçula’ de seus filhos literários veio à luz no último sábado, no Complexo Cultural Elineuza Ramos, em Floriano, numa noite de gala com participação musical de colegas escritores que também cultivam o dom musical. A abertura ficou por conta de Manoel Filho. Em seguida Elineuza Ramos, fez dupla com Maiane Costa, na canção Mulher Nova de Tânia Alves. Jardell Vianna e José Paraguassú finalizaram a parte musical. Isso já seria mais que suficiente para a noite ser memorável. O novo livro tem endereço no tema do cangaço e o título de LAMPIÃO – Os Principais Chefes de Subgrupos.
Confira a entrevista na íntegra:
JC – Meu amigo, que noite, né? Fale aí sobre essa noite memorável e sobre o lançamento do seu 19º livro e depois fale um pouco sobre os livros que vieram antes deste.
ABDIAS CASTRO – Foi uma noite memorável. Superou minhas expectativas. Quando vamos fazer um evento desse, que envolve livros, não é um tema que atraia o público. Sempre digo que é um público selecionado. Mas graças a Deus a gente conta com um coletivo literário aqui em Floriano e graças ao empenho de meus colegas, José Paraguassú, Jardell Vianna – sem citar mais ninguém porque é muita gente. Além disso o público em geral e a família marcou presença.
JC – Um fato interessante... dezoito livros publicados e este foi o primeiro livro em que você fez um evento de lançamento. Onde estava o escritor Abdias Castro neste espaço de tempo? A gente sabe, por exemplo que o Paraguassú, que prefaciou seu livro, te conheceu a pouco tempo.
ABDIAS CASTRO – Aí que entra a grande importância do Paraguassú e do seu trabalho dentro de Floriano. Eu falei, e outros colegas já falaram que Floriano vive hoje uma efervescência literária e cultural, e isso se deve em grande parte ao empenho do José Paraguassú, que é nosso pai literário. É graças a ele que eu estou participando de três coletâneas. Você perguntou onde estava o escritor... eu escrevia e publicava em plataformas virtuais, não tinha lançamento físico. Além disso eu era sacerdote, era pastor evangélico muito empenhado no serviço que eu fazia, e não me importava com a imagem de escritor. Quando a Pandemia veio eu ‘jubilei’ da função pastoral, e decidi procurar quem escreve e quem são os escritores de Floriano. E foi através do JC... eu vi uma entrevista que você fez com o José Paraguassú e fiquei impressionado de ter esse homem tão perto e não o conhecer. Daí eu fiz o contato e me surpreendi com a pessoa do Paraguassú.
JC – Nos outros 18 livros, quais os temas que você abordou?
ABDIAS CASTRO – Eu tenho um livro chamado Baião de Doido, que comecei a escrever aos 16 anos. É uma história real, e eu era criança e ouvia aquela história e dizia; ‘moço, ninguém escreveu sobre isso ainda?’ Eu queria ler sobre o assunto e não encontrava nada. Eu achava errado mas não podia fazer nada. os adultos contando aquilo e ficava pensando: Eu dizia, um dia eu vou ter acesso a alguma coisa que eu possa... pelo menos alguém que pensasse como eu. Ai quando vim estudar em Floriano, trouxe comigo o rascunho desse livro. Quando fiz 18 anos, pensei; "agora os adultos já me respeitam, e sai entrevistando quem ainda estava vivo. Na época eu dei nome ao livro de Mentes Seduzidas, porque era uma coisa que envolveu uma professora que fez com que pessoas humildes do lugar sacrificassem seus próprios filhos...
JC - É uma história real?
ABDIAS CASTRO - Sim, uma história real... os pais correndo atrás dos filhos para entregar pra ela sacrificar.
JC - E isto aconteceu em Canavieira?
ABDIAS CASTRO - Perto de Canavieira... passaram por Canavieira num cortejo trazendo ela, um evento que eu chamo no livro de, Cortejo Macabro... e a levaram para Jerumenha.
JC - Qual foi o fim dessa mulher?
ABDIAS CASTRO - Ela morreu na cadeia de Jerumenha, uns três dias depois de presa. Mas os pais das vítimas permaneceram vivos.
JC - Qual o periodo que isso aconteceu?
ABDIAS CASTRO - Em 1937... começou a história, ela chegou no povoado e ficou ali 2 anos aproximadamente. Eu lancei esse livro em 2019, com o título Baião de Doido.
JC - E os outros?... Por que esse foi um tema pesado, né?
ABDIAS CASTRO - Foi pesado... eu já tinha escrito ele e queria publicar, então eu fiz isso. Porque acho que fui a única pessoa interessada em sair atrás de entrevistar pessoas que participaram dos eventos.
JC - É... uma história dessas não pode se apagar. E os outros livros?
ABDIAS CASTRO - Os outros livros, eu comecei a ler a Bíblia a partir de 2004, e comecei a me interessar sobre assuntos de Fé, e me tornei membro de uma igreja e me aprofundei nas histórias bíblicas e novamente pensei; "se as histórias desses homens são reais, elas não terminaram na narrativa bíblica... Jesus ressucitou e deixou a missão de eles fundarem a Igreja. Então, eu fui estudar a vida pós bíblica desses homens. Eu fiquei fascinado em saber que todos morreram sem negar a fé em Jesus. Daí nasceu meu best-seller, Vida e Morte dos Apóstolos.
JC - E o caçulinha?
ABDIAS CASTRO - Lampião é uma coisa também que, muito antes daquela minisérie dos anos 80 eu já tinha fome de conhecer a história, justamente pela mesma questão; "como é que pode, esse cara devia ser muito inteligente, porque ele conquistou a mente de mais de cem homens, desafiando governo de sete estados do Nordeste. Inclusive chamando a atenção do governo federal. Ao estudar sobre ele, descobri que existiam muito mais cangaceiros famosos. Ao pesquisar sobre eles descobri que o cangaço é muito complexo, daí me inspirei para fazer a dedicatória de todos os livros vendidos no lançamento com a frase: "Uma prova de que o cangaço, não foi feito apenas com pólvora e sangue".
Assista a íntegra da entrevista no vídeo:
Da redação